vem a cachaça

vem meu bem
vem me deixar de porre
quero embriagar num gole
quero filosofar

vem meu bem
lhe peço a única vez
então me jogo em você
mas não devo atrapalhar

pode não ser
mas a culpa é da vida
se fosse a alternativa
numa beira de mar
não haveria trabalho
exigindo desperdício
de um domingo tão lindo
só para descansar

vem meu bem
posso querer transgredir
venha fazer a bondade
de arruinar-me por mim

o dono das asas

Pássaros fogem ao chegar o homem
vazio de paz, vazio de sentimentos
querendo mesmo saciar a fome
fome de guerra, fome de conflitos

Pássaros fogem ao amanhecer
sabem do predador, aquele dorme a noite
tentando sempre se esquecer
do medo que provoca e do que tem em mente

Pássaros são seres livres
pois voam para longe e quando querem voltam
e sem receio de enfrentar a morte
acabam sendo homens mais do que o próprio homem

Pássaros fingem não olhar
pois não o culpam e ele é culpado
morrem tóxicos ou assassinados
e quando vem o vento, o vento já é mais forte

Pássaros são livres para esvaecer
ninguém sente, quando são livres

história

Para onde me leva
Aonde vou
Com pensamentos
mal quistos assim

Quão pode ser ruim
Ainda vou
Também posso rir
tão bem pudera

Mas faço sentir
O medo me para
Quem disse que vi
onde fui parar

É então que me calo
Sem reproduzir
Por fora de mim
o que dentro se passa

É também que escuto
Sem assimilar
Nas minhas memórias
histórias mal contadas